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Ainda no penhasco do Leste, os últimos raios do sol desapareciam timidamente sobre a planície, enquanto o Leste aguardava a iminente investida do Norte. Rayna, a guardiã dos ventos, ergueu-se majestosamente no penhasco, seu manto escuro balançando ao ritmo dos ventos que ela controlava. Abaixo, mais uma guardiã do Norte se aproximava, Isah, cujas lágrimas de ouro reluziam em meio à determinação refletida em seus olhos.

Ambas as guardiãs sabiam que o confronto era inevitável. Rayna, com o domínio do deus Afeliotes sobre os ventos, e Isah, abençoada pelo poder divino da deusa Freya, estavam destinadas a uma luta mortal naquele momento crucial.

Os primeiros sinais da batalha surgiram quando Isah, radiante com suas lágrimas douradas, avançou com confiança inabalável. Seus passos eram uma coreografia mortal, enquanto as lágrimas de ouro que caíam de seus olhos se transformavam em armas mortais, cintilando sob a lua da noite.

Rayna permaneceu no alto do penhasco, seus cabelos mexendo em meio à brisa que ela convocava. Seu cetro reluzia com a energia dos ventos que controlava, pronta para desencadear tempestades e pestes sobre aqueles que desafiassem o Leste.

Quando as duas guardiãs se encontraram, o cenário se transformou em um espetáculo de poderes divinos. Raios cortaram o céu, trovões ecoaram, e a chuva de ouro de Isah se misturou aos redemoinhos de vento de Rayna. Cada movimento, um golpe estratégico; cada olhar, uma troca alucinada de poderes.

— Por que arriscar tudo por uma princesa? – Perguntou Rayna, sua voz misturada ao rugido dos ventos. — Você sabe o que está em jogo, Isah!

Isah não vacilou, seus movimentos graciosos escondiam a intensa determinação. — Jasminy é a esperança de um reino inteiro. Não posso permitir que o Leste a mantenha refém de seus jogos de poder!

O duelo estava apenas começando, mas os elementos já se reviravam, prenunciando uma batalha titânica entre duas guardiãs poderosas, cujas decisões moldariam o destino de reinos inteiros.

Ainda era possível ouvir gritos de desespero e choros nas ruas abaixo da grande montanha, a noite mal tinha começado, mas o luto já estava em todo o leste. A poderosa chuva ácida de Yoanne tinha destruído a continuação de diversas linhagens do leste, o futuro já não existia mais para muitas famílias, nomes e rostos jamais seriam conhecidos ou vistos.

A noite chegou por completo trazendo suas cores escuras enquanto Rayna e Isah começavam a luta mortal.

— Deus dos ventos, receba a vida desta guardiã do norte como sacrifício para acalmar sua ira. – Rayna amaldiçoava Isah. Uma grande tempestade surgia vinda dos céus, mas Isah criava uma enorme barreira de ouro impedindo que a tempestade chegasse até ela.

Os olhos intensos de Rayna faiscavam com os raios da tempestade, seu manto ondulante à medida que ela convocava os ventos e o poder do deus Afeliotes. Já Isah irradiava uma aura dourada, lágrimas de ouro escorrendo de seus olhos, transformando-se em armas letais pela influência da deusa Freya.

MALDIÇÃO DE FREYA.

O vento parou, um silencio começou e punhais de ouro estavam vindo de todas as direções para matar Rayna, mas a habilidosa guardiã manipulou o vento com seu cetro e fez com que os punhais voltassem contra Isah.

— Este será seu fim, guardiã! – Exclamava alto, Rayna.

Os punhais atingiam Isah e começavam a derreter e unir-se ao corpo dela.

— Eu criei estas armas, elas nunca me farão mal algum, mas a você... – Alertava.

Do solo do penhasco saía uma grande estaca que acertava o braço de Rayna.

— Obrigada por derramar meu sangue, guardiã. – Sorria.

Uma sombra aparecia em volta de Rayna e ela invocava o deus Afeliotes usando seu próprio sangue.

O deus dos ventos de imediato atacava Isah com rajadas de ventos que era capaz de cortar a pele como se fosse uma lâmina. O corpo de Isah ficava com diversos ferimentos. Isah se viu obrigada a recuar e fez uma nova barreira com ouro.

— Ela conseguiu invocar um deus antigo? – Pensava Isah.

Rayna encarava Isah e falava:

— Você não é a única a invocar os deuses! – Ao falar isso, Isah começava a criar um estatua de ouro, era uma linda mulher, era a deus mitológica Freya.

— Venha querida deusa, destrua tudo. – A estátua ganhava vida após o comando de Isah e imediatamente atacava Rayna, mas o deus Afeliotes contra atacava e os dois deuses entravam em uma batalha que destruía tudo em volta.

Rapidamente, Rayna levantou seu cetro, invocando os ventos com um assobio agudo. Isah sem perder tempo se movimentou, suas lágrimas de ouro começaram a moldar lâminas brilhantes sob a luz da lua noturna.

As duas começaram usar suas habilidades enquanto os deuses lutavam. Raios cortavam o céu, os ventos assobiavam furiosamente e as lâminas douradas de Isah brilhavam intensamente. Cada golpe e defesa eram executados com habilidade, a terra vibrando sob a intensidade do confronto e grandes fendas eram abertas no penhasco.

Rayna controlava os elementos ao seu redor, invocando tempestades e redemoinhos enquanto se movia com agilidade. Isah retaliava com golpes precisos, transformando o ouro líquido de suas lágrimas em armas cortantes.

O céu se tornou um palco de caos e esplendor enquanto as guardiãs lutavam, suas habilidades divinas colidindo em um duelo feroz e belo. Cada ataque era um movimento calculado, uma dança mortal entre poderes ancestrais, mas invocar deuses tinha um grande custo, a energia do corpo se esgotava mais rápido.

O embate entre os deuses Afeliotes e Freya era um espetáculo divino, mas Freya, com suas armas de ouro, prevaleceu sobre Afeliotes, derrotando o deus dos ventos ao atingi-lo e fazê-lo voltar a sua morada. O próprio penhasco pareceu estremecer sob o poder dos deuses, enquanto o confronto divino atingia seu ápice.

Ao mesmo tempo, Rayna e Isah, envoltas em sua própria batalha, lutavam com fúria e determinação. Rayna conseguiu, por um momento angustiante, perfurar o corpo de Isah com rajadas cortantes de vento, enquanto Isah, mesmo ferida, não fraquejava na luta e tentava atingir Rayna com suas armas douradas, mas ela não conseguia ficar de pé por mais tempo.

Com a visão de Isah sendo derrotada, um brilho de angústia e desespero cruzou o semblante de Freya. Em um gesto de fúria e tristeza pela perda de sua protegida, ela desencadeou todo o poder divino, destruindo o penhasco com uma explosão sem precedentes.

O caos se espalhou enquanto os escombros engoliam as guardiãs. Ao redor, observadores distantes testemunhavam horrorizados a destruição, lágrimas escorrendo por seus rostos em desespero. O impacto da devastação fez com que algumas pessoas, tomadas pelo medo, corressem pelas ruas dos vilarejos, gerando tumulto e confusão. Crianças e idosos foram pisoteados pela multidão.

A cena era uma mistura de tristeza, desespero e caos. Famílias se reuniam em busca de seus entes queridos, enquanto outros tentavam ajudar os feridos e desabrigados. O luto se espalhava pelas comunidades, deixando uma marca traumática na memória coletiva daqueles vilarejos.

É um momento sombrio e doloroso, onde a tragédia divina se espalha como uma sombra sobre as vidas daqueles que testemunharam a terrível batalha entre os poderes dos deuses e das guardiãs.

Sob o céu que testemunhou a batalha divina, Gabryelle, líder do Leste, recebeu a notícia das tragédias que assolaram sua terra. Seu coração, um campo de batalha próprio, era devastado pela onda de lamento que varria a região.

Ela se encontrou no topo de uma colina, onde a brisa fresca carregava ecos das lamentações distantes. Seu olhar, outrora firme e determinado, agora refletia a dor profunda e a tristeza que consumiam seu ser. Lágrimas silenciosas se misturavam à poeira que pairava no ar, enquanto a líder do Leste tentava dar voz à dor que a envolvia.

— Oh, ventos que sopravam tão suaves sobre estas terras, agora carregam consigo o lamento dos que partiram. – murmurou Gabryelle, seus lábios trêmulos refletindo o peso da perda. — A terra, que sustentou tantas vidas, agora abraça os restos daqueles que não resistiram à tempestade da guerra.

Ela caminhou entre os escombros, cada passo marcado pelo eco do desespero e da tristeza que permeava o ambiente. A líder do Leste observou as marcas deixadas pela batalha divina, um testemunho sombrio do preço pago por seus súditos.

— Em cada ruína, vejo o reflexo da grandiosidade que se desfez. Em cada grito de dor, ouço a melodia da vida que se apagou prematuramente. – lamentou Gabryelle, seus olhos fixos no horizonte, como se buscasse respostas nos céus.

A notícia das mortes e da destruição ecoava como uma canção triste, envolvendo a líder em um manto de tristeza. Ela ergueu as mãos aos céus, como se desejasse agarrar as nuvens que choravam junto com ela, compartilhando a dor que pesava sobre seu povo.

— Que este lamento chegue aos corações daqueles que testemunharam a queda das guardiãs. Que a memória dos que se foram seja um lembrete de nossa vulnerabilidade diante das forças inimigas. – proferiu Gabryelle, sua voz ecoando pela terra arrasada.

Assim, a líder do Leste lamentava, não apenas por suas perdas, mas pela fragilidade da existência humana diante das forças que transcendiam a compreensão mortal. Em sua lamentação, buscava consolo e esperança para reconstruir não apenas as ruínas físicas, mas também os espíritos abalados por essa trágica e divina tempestade.

Gabryelle convoca Amynah e fala:

— Você tem minha permissão para entrar na guerra, minha mensageira dos deuses.

— Não irei decepcioná-la, mãe. – Sumia de diante de Gabryelle.

<< 23. Deusas da morte