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Gabryelle andava sozinha no jardim do castelo pensando sobre como o Leste sofreu ataques tão cruéis, ela sentia uma tristeza profunda no coração, ela imaginava quantos sonhos foram interrompidos por causa de atos impensados, quantas vidas foram ceifadas sem razão, pais sem filhos, filhos sem pais.

— A ordem natural é que os filhos enterrem seus pais, mas aqui são os pais que estão enterrando seus filhos. O que houve aqui, Gabry? – Uma voz suave que vinha de cima do castelo sussurrava palavras de questionamentos.

— Esta voz... irmã! – Admirava-se.

— Muitos anos se passaram sem ver minha irmãzinha. Seu olhar está cheio de medo, seu coração bate acelerado, seu rosto é de desespero. Você perdeu o controle de nosso reino e de nosso castelo, Gabry? – Perguntava Marielly

— Eu cometi um erro. Autorizei campanhas contra o Oeste e o Norte tomou posição contra nós, eu trouxe a dor para o nosso povo, a morte bateu na porta dos inocentes e suas vidas foram tiradas inconsequentemente por minha culpa. Eu não sou uma boa líder, irmã.

— Você não tem culpa, irmãzinha.

— Eu tenho culpa, Marielly. O sangue dos inocentes está em minhas mãos. As minhas decisões erradas trouxeram a calamidade para o nosso povo.

— Pequena Gabry... Houve a época que todos os reinos não existiam, o primeiro lugar a ser habitado foi a terra dos dragões, o Oeste. Um lugar bonito e calmo, pessoas hospitaleiras e organizadas, mas antes disto já haviam os reinos dos seres celestes e infernais, eles dividiram as regiões e diversas outras raças foram surgindo, os povos foram criando clãs e dividindo seus territórios, do Oeste surgiu o Norte, Sul e Leste.

— O Sul criou leis para organizar os reinos. O Leste criou leis para condenar invasores. O Norte criou leis para defender seus aliados e o Oeste criou leis para equilibrar as outras leis para que elas não passassem dos limites.

— Nós desenvolvemos o sentimento de exploração, o Sul desenvolveu o sentimento de invasão, o Norte desenvolveu o sentimento de vingança e o Oeste desenvolveu o sentimento de proteção. Não foi sua culpa o que aconteceu, o Sul atacaria qualquer clã e o que o Norte fez é cultural deles. Nosso papel é condenar invasões, Sul e Norte terão que pagar por isso.

— Nós perdemos guardiãs importantes, sobrou poucas, Marielly. O que poderemos fazer? – Perguntava Gabry

— Lá em cima há guardiãs substitutas. – Marielly apontava para o castelo dos ventos acima do castelo do Leste.

— Elas são tão jovens para lutar, irmã.

— Elas foram treinadas pelas deusas dos ventos desde quando eram crianças, posso garantir que estão preparadas para o pior cenário possível. – Afirmava Marielly

— Tudo bem, irmã. Elas podem se juntar a nós para a guerra.

— Gabry, nossas irmãs Michelly e Andrielly pediram que você me acompanhasse até o castelo dos ventos. Elas querem falar com você pessoalmente, você poderia me acompanhar, irmãzinha?

— Sim. – Gabryelle acompanhava Marielly enquanto subiam uma escada de nuvens até o castelo dos ventos.

Enquanto subia, Gabryelle via a grande destruição no Leste, os sobreviventes estavam tentando recomeçar e reconstruir o que foi perdido.

— Por favor, entre irmã. – Abria a porta do castelo

— Gabry! Como você cresceu nos últimos anos! Saudades de você minha querida irmãzinha. – Michelly abraçava Gabryelle.

— Oi, Gabry. Venha até mim minha linda irmãzinha. – Andrielly acenava para ela.

— Estou feliz em vê-las novamente. – Falava Gabryelle

— Se passaram 5 anos? É isso, Andrielly? – Perguntava Michelly

— Sim, quase 6 anos.

— Gabry, por favor, sente-se. – Marielly pedia

— Gabry, irei direto ao ponto. O Leste se encontra em pedaços, estamos de luto pelas mortes de nossas guardiãs e do nosso povo. Pelas leis de nossa família, a cada 2 anos, a liderança do Leste deve ser compartilhada umas com as outras, você já ficou na liderança por quase 6 anos. Está na hora de expulsar os invasores e fazê-los pagar pelo sangue derramado de nosso povo. – Falava Andrielly

— As leis de nossa família dizem também que não pode haver trocar de liderança diante de uma invasão. – Respondeu Gabryelle

— Você perdeu a guerra, irmãzinha. A substituição pode ser feita. Michelly e Marielly assumirão a partir de hoje e você ficará comigo protegendo o castelo dos ventos. Você irá tratar seus ferimentos e recuperar sua energia. Nossas irmãs levarão com elas guardiãs substitutas. – Explicava Andrielly.

— Gabry, o quarto 4 é onde você ficará, com você ficarão duas guardiãs, nossas primas Anielly e Janielly. Elas protegerão você enquanto você se recupera. Por favor, repouse e recomponha suas energias. O castelo dos ventos também está em risco de ser invadido. — Explicava Marielly.

— Tudo bem irmãs. Irei fazer assim como pedido, por favor, me mantenham informada sobre o paradeiro de Amynah. – Pedia Gabryelle

— Não se preocupe com Amynah, desde criança ela brinca com as dimensões, mais cedo ou mais tarde ela voltará para o Leste. – Falava Michelly

— O que vocês pretendem fazer? – Perguntou Gabryelle

— Não ficou obvio, irmãzinha? Vamos punir as traidoras do pacto! – Respondia Michelly

Michelly e Marielly foram para o salão principal do Leste e convocaram todas as guardiãs, as duas líderes do Leste sentaram-se em seus lugares. Michelly começou a falar:

— Perdemos Ilítya, Dafny, Saryna e Malka que lutaram bravamente defendendo os propósitos do Leste. Nossa mensageira Amynah está desaparecida depois de uma batalha, e Zayn está ferido. Gabryelle está no castelo dos ventos se recuperando de seus ferimentos e restaurando suas energias. Conosco trouxemos 4 guardiãs substitutas para fortalecer nossas defesas e se for necessário traremos mais.

— Aqui estão: Eliny, Marinna, Giselly e Suzelle. Elas são guardiãs do castelo dos ventos. – Explicava Marielly

As guardiãs recebiam as guardiãs substitutas como irmãs, elas se sentiam felizes com o poderoso apoio que chegava ao Leste. Daquele momento em diante todas as guardiãs foram para seus postos.

Michelly caminhou até uma montanha no Leste e abriu um portal acima do Norte e concentrou sua energia, sentindo o calor vibrante irradiando de suas mãos. Ela ergueu os olhos para o horizonte distante, onde as cidades do Norte se destacavam, aguardando. O sol poente tingia o céu com tons de laranja e roxo, criando um cenário hipnotizante para o que estava prestes a acontecer.

— Hoje vocês conhecerão a mesma dor que causaram para meu povo! Traidoras do pacto!

Com um gesto preciso, ela liberou a energia acumulada em suas mãos. Pequenas esferas de luz começaram a se formar ao seu redor, ganhando intensidade a cada segundo. As esferas se transformaram em chamas douradas, ao redor dela como se tivessem vida própria.

— VENTOS DE FOGO

Quando ela finalmente direcionou essa energia para as cidades distantes. As chamas de fogo eram destrutivas; elas se transformaram em um turbilhão de fogo que destruía tudo o que tocava. Um espetáculo magnífico tomou forma, banhando as cidades do Norte com fogo que vinha através dos ventos escaldantes do Leste.

— Eu ouço os gritos de desespero. Meu povo chorou, gritou, pediu misericórdia enquanto foram mortos. Agora são vocês que fazem o mesmo, isso é pelas vidas que o Norte tirou do Leste.

Pessoas corriam com seus corpos pegando fogo, outros tentavam se protegerem, a temperatura era insuportável, um a um caíam no chão em forma de cinzas.

Casais queimados pelo fogo morreram abraçando seus filhos na vã tentativa de protege-los. Idosos em suas casas com os pulmões estourados por causa da pressão do fogo. Animais pulverizados com seus filhotes em diversos lugares.

Michelly ressentida pelas vidas que foram ceifadas no Leste optou por demonstrar seu grandioso poder de maneira violenta. Era um lembrete do potencial, uma exibição de sua habilidade, deixando um rastro de destruição total. Era uma mensagem violenta de destruição que marcaria o Norte em sua história.

10 cidades destruídas com todos os seus habitantes deixavam um rastro de sonhos destruídos para sempre.

— Festejem Leste! Vingamos as vidas perdidas de nosso povo! – Gritava Michelly

Os moradores do Leste vibravam com a notícia de que o Norte tinha sido punido com a mesma intensidade que fizeram com o Leste.

Do castelo dos ventos Gabryelle via a grande repercussão do que sua irmã havia feito.

— O Leste precisava de sangue inocente nas mãos? – Perguntava a si mesma

34. O Leste é Nosso