10 - Adeus na Floresta Gêmea
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A Floresta Gêmea permanecia serena após a batalha épica que Witc e Sulh enfrentaram juntos. Porém, enquanto a natureza se recuperava, um conflito silencioso se desenrolava no coração de Sulh.
Sulh depois de muitos dias fora de casa retorna ao seu lar e encontra sua família reunida esperando ela, estavam presentes:
Huah, o pai e Meylin, a mãe. Perto deles estavam suas filhas Lynh, Meyh e Lyh, e seus filhos Weyh e Chyn.
Em meio à tranquilidade da floresta, Sulh viu-se confrontada pela presença imponente de sua família. Seus olhares eram carregados de expectativa e tradição, enquanto Huah, seu pai, iniciava a conversa.
— Filha, chegou a hora de você assumir suas responsabilidades. Weyh tem um casamento planejado para você, com um jovem da nossa cultura, da nossa terra natal. – disse ele, sua voz firme, mas com um toque de expectativa.
Sulh arregalou os olhos, a surpresa e a angústia pintando seu rosto. Ela não esperava que essa discussão viesse à tona tão abruptamente. — Pai, não posso aceitar isso. Meu coração pertence a outro lugar, a outro homem. – ela respondeu, sua voz repleta de tensão.
Meylin, sua mãe, interveio com compaixão, tentando acalmar a situação. — Minha filha, entendemos seus sentimentos, mas é importante honrar nossas tradições e a família que construímos.
Sulh se recusava a aceitar a imposição, seu coração se dividindo entre o amor que nutria por Witc e o respeito às tradições ancestrais. — Mãe, pai, eu amo Witc. Ele é parte de quem eu sou. Não posso simplesmente abandoná-lo por uma tradição. – argumentou ela, a voz embargada pela emoção.
Lynh, a irmã mais velha, olhou para Sulh com compreensão, mas a pressão da tradição pesava sobre elas. — Sulh, entendemos sua ligação com esse homem, mas nossa cultura e nossa família dependem dessa união.
Os olhos de Weyh, o irmão mais velho, refletiam um misto de preocupação e dever. — Sulh, você deve pensar no bem da família. Essa união é necessária para a nossa estabilidade.
Meyh, a segunda irmã, tentou confortar Sulh. — Irmã, talvez seja o melhor para todos nós. Essa é a tradição que seguimos há gerações."
Lyh, a terceira irmã, também se aproximou. — Sulh, não podemos desafiar nossos costumes. É o que nossa família espera de nós.
Chyn, o irmão mais novo, permaneceu em silêncio, mas sua expressão refletia a pressão que toda a família colocava sobre Sulh.
Sulh, sentindo-se oprimida pela tradição que a sufocava, lutava para encontrar uma saída que preservasse seu amor e respeitasse a cultura e a família que tanto estimava. A escolha entre seguir seu coração e honrar as tradições se tornava um dilema intransponível.
Sulh observava a tensão familiar, esperando um momento de calma para expressar seus sentimentos. Porém, antes que conseguisse dizer algo, seu pai, Huah, trouxe um homem até o centro da casa. Era o noivo escolhido para ela, um jovem de semblante sério, carregando as tradições culturais de seu clã.
— Sulh, este é Zhou. Ele será seu futuro marido. – declarou Huah, sua voz ecoando firmeza e expectativa.
Sulh ficou atônita diante da situação. A súbita apresentação do noivo a deixou furiosa e surpresa. Ela encarou o homem que agora era proposto como seu futuro esposo, sentindo-se acuada por uma decisão imposta.
— Pai, como pode tomar uma decisão tão séria sem meu consentimento? – Sulh protestou, sua voz tremendo pela indignação.
Zhou permaneceu em silêncio, mas sua postura refletia uma aceitação firme da situação. A pressão da tradição reforçava a expectativa de que essa união se consolidasse.
Meylin, a mãe, tentou acalmar a situação, mas sua expressão refletia a preocupação pela tensão crescente. — Filha, Zhou é um homem honrado e digno. Ele será um bom esposo para você.
Sulh sentiu-se aprisionada entre o respeito à família e suas próprias convicções. Ela respirou fundo, buscando palavras que expressassem sua revolta diante da imposição repentina.
— Eu não posso aceitar isso! Meu coração já pertence a outro! – exclamou ela, sua voz carregada de determinação e desespero.
A situação se tornou um campo de batalha emocional, a pressão familiar colidindo com a liberdade de escolha e o amor que Sulh guardava por Witc. O confronto de valores e tradições era uma tempestade prestes a desabar sobre Sulh, colocando-a em uma encruzilhada que desafiava sua própria identidade e desejos.
A discussão entre Sulh e seu pai, Huah, atingiu um ponto crítico. A tensão era grande, as palavras trocadas cortantes como lâminas afiadas. Sulh, dominada pela raiva e pela frustração, sentiu uma onda de energia caótica percorrer seu corpo.
— Pai, você não pode decidir sobre meu destino sem meu consentimento! Meu coração pertence a Witc, e eu não vou desistir dele por uma tradição antiquada! – gritou ela, a energia ao seu redor vibrando com sua emoção.
Huah, firmemente arraigado às tradições de sua família, não se deixava dobrar pela rebelião de sua filha. — Você precisa entender o peso de nossas tradições, Sulh! Nossa linhagem depende disso! Não podemos ignorar o que é esperado de nós.
O descontrole emocional de Sulh foi como um terremoto, o poder caótico à sua volta se intensificando rapidamente. Em um momento de fraqueza, a energia escapou de seu controle, causando destruição na casa dela.
As irmãs de Sulh, Lynh, Meyh e Lyh, guardiãs como ela, prontamente se posicionaram, preparadas para conter a situação. No entanto, subestimaram a magnitude da força que Sulh possuía. Ela, tomada pela emoção, enfrentou-as, suas habilidades caóticas superando a resistência delas com uma rapidez desconcertante.
Enquanto isso, a mãe de Sulh, Meylin, atordoada com a cena e com o conflito que despedaçava sua família, começou a sentir-se mal, o estresse e a angústia tomando conta dela.
Weyh e Chyn, os irmãos de Sulh, assistiam à cena com raiva e confusão, direcionando sua frustração para Witc, considerado o ponto de desestabilização naquela situação.
No meio do caos e da confusão, Sulh, percebendo o estrago que causara, sentiu-se tomada pelo remorso. Em um último ato de desespero e angústia, abriu um portal e desapareceu antes que a situação se agravasse ainda mais.
Enquanto isso, Witc, em algum lugar da floresta ocidental, sentiu uma presença familiar se aproximando. Ele ergueu os olhos, sentiu Sulh emergir de um portal, com o semblante marcado pela dor e pela agitação emocional e correu em direção dela.
Sulh e Witc, reunidos mais uma vez, enfrentavam um futuro incerto que se decidiria em breve.
— Eu vim o mais rápido que pude. Aconteceu alguma coisa com você? – Witc chegava correndo.
— Eu tenho algo importante para falar com você. – Explicava Sulh
— Tudo bem, pode falar.
— A minha família não quer que eu fique com você e eu preciso terminar. – Falava Sulh
— Como assim? Você disse várias vezes que sua família nos apoiavam.
— Eles apoiavam no começo. – Explicava Sulh
— E qual é a razão para isso?
— Witc, nós somos de clãs diferentes e temos culturas diferentes, meu pai deseja que eu fique com alguém que conheça nossos costumes, que seja do nosso próprio povo. – Explicava Sulh
— Isso é antiquado!
— Por favor, respeite nossos costumes! – Falava Sulh
—Eu nunca desrespeitei a cultura de vocês! Lutei até mesmo contra minha família para ficar com você, nunca falhei com minhas promessas. – Desabafava Witc
— Eu sei de tudo o que você fez por mim e por eles, isso eu nunca terei como te pagar, você não pode imaginar como me sinto por dentro tendo que deixar a pessoa que eu mais amo e que sempre esteve ao meu lado me ajudando e fortalecendo, mas acabou Witc, não posso mais olhar para o passado. – Desabafava Sulh
— Você nunca me amou o quanto você falava! Se seu amor fosse verdadeiro, você veria os erros nas decisões de sua família. Você está mudando por pessoas que jamais mudariam por você.
— Você não sabe de nada sobre minha família e o quanto eles lutaram para criar eu e meus irmãos e irmãs, as dificuldades que passamos, não somos iguais a você.! – Falava Sulh
— Realmente, vocês não são iguais a mim, eu tenho palavra e caráter, algo que você e sua família não tem. – Falava Witc
Ao ouvir aquelas palavras Sulh se sentiu profundamente magoada e começou a chorar e foi pra cima de Witc batendo em seu peito.
— Como você pode dizer isso? Eu te amo! Eu te dei o melhor de mim, nenhum homem me teve da forma como você me teve! Eu me entreguei a você! Você é um idiota que não consegue perceber o quanto eu estou sofrendo por dentro! Há dias que eu choro, eu não consigo comer e nem dormir. – Sulh Falava chorando.
— Você acha que se entregar para alguém é prova de amor? Amor é sacrifício e eu me sacrifiquei todas as vezes que você precisou e você, o que fez? Quando se sacrificou por seu amor? O amor está além de tudo isso o que você falou, amor sem ações é o mesmo que você vender produtos sem tê-los para oferecer ao comprador. – Falava com lágrimas nos olhos.
— Sacrifício? Meu coração se tornou um altar de sacrifícios, Witc. Você nunca notou isso? Veja meu sacrifício por você, meu único amor. - Sulh levava Witc para um lugar na floresta.
No coração da floresta, em um cenário dramático, onde a luz do sol filtrava-se entre as folhagens, Sulh preparou-se para o ritual de casamento. Em um altar natural adornado com uma grande quantidade de flores da floresta, eles iniciaram a cerimônia.
Com as mãos entrelaçadas, eles coletaram as essências das flores escolhidas, mesclando-as para criar uma tinta especial. Com essa tinta, desenharam uma tatuagem ritualística, uma marca que se fundiria com suas essências e se conectaria a qualquer distância.
Enquanto a tinta sagrada penetrava suas peles, uma sensação de união e pertencimento os envolveu. As linhas delicadas e intrincadas, criadas a partir das flores da Floresta Gêmea, ganhavam vida sobre suas peles, marcando não apenas seus corpos, mas suas almas.
Sulh, então, fez uma retrospectiva emocionante de tudo o que viveram juntos. Ela mostrou os presentes que Witc lhe deu ao longo do tempo: um colar feito de cristais da lua, uma flor especial que brilhava no escuro, uma pintura que retratava o nascer do sol na Floresta Gêmea e um livro antigo com contos de lendas da floresta.
Cada presente representava um momento significativo de sua jornada juntos, um símbolo do amor e da dedicação que compartilhavam. Sulh relembrou com emoção cada detalhe, cada gesto de carinho, cada sorriso compartilhado.
Com a tatuagem sagrada agora marcando-os, Sulh e Witc sabiam que estavam conectados de uma maneira única e eterna. O casamento escondido, celebrado em harmonia com a natureza, simbolizava não apenas uma união de corpos, mas uma fusão de almas, transcendendo o espaço e o tempo.
— Você ainda acredita que eu não faço sacrifícios por você? Somos um só agora, segundo a sua cultura Witc.
Sulh ficou extremamente magoada ao lembrar das palavras de Witc mais uma vez.
— Minha família está certa em relação a você! Você é insensível e nunca vai compreender nossos costumes! – Falava Sulh
[...]
Continuação
12. Corações Partidos
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