27 - Kalanit, a guardiã destemida

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Ao olhar as pessoas mortas por diversas aldeias, Kalanit enlouqueceu e perdeu completamente o controle de seus poderes e correu pelas ruas rastreando quem tinha feito aquilo e se deparou com Yoanne.

— Calma guardiã, você também será derretida por minha chuva ácida! – Sorria Yoanne

— Que tipo de monstro é você? Como pode agir covardemente desta forma punido pessoas inocentes com a morte? — Perguntava Kalanit

— Em uma guerra, o mais fraco pode se tornar uma arma, mesmo que não tenha experiência, ainda assim pode causar estragos e surpreender. Eu apenas acabei com o peso que os mais fracos poderiam carregar. – Respondia Yoanne

Kalanit cerrava os punhos, sentindo a raiva aumentar dentro dela. Com um gesto rápido, ela ergueu a mão em direção a Yoanne, concentrando sua energia na terra ao redor. O solo começou a tremer e pedras se ergueram, formando uma barreira contra as chuvas ácidas.

— Você pode se considerar forte por atacar os mais fracos, mas isso não passa de covardia! Eu não vou deixar você continuar machucando inocentes! — Kalanit falava.

Yoanne riu com desdém, manipulando as chuvas ácidas para circundar a barreira de terra de Kalanit. As gotas corrosivas se chocavam contra a proteção erguida por ela.

— Você realmente acha que pode me deter com sua terra? Seu poder é insignificante diante das minhas tempestades! — provocou Yoanne.

Kalanit respirou fundo, focando-se intensamente. Com um movimento preciso, ela estendeu a outra mão em direção às chuvas ácidas. Uma energia magnética surgiu de suas palmas, atraindo as gotas ácidas para longe de lá e desviando-as para o alto.

As nuvens escuras se agitaram violentamente enquanto a luta de poderes se intensificava. Kalanit manipulava a terra, erguendo pilares e afastando o ácido, enquanto Yoanne controlava as chuvas ácidas, tentando burlar a proteção e atingir seu alvo.

As duas enfrentavam-se com determinação, cada uma desafiando os limites de seus poderes. A batalha estava longe de terminar, e o destino das pessoas inocentes dependia da capacidade de Kalanit de resistir às tempestades ácidas de Yoanne.

Enquanto a batalha continuava, Yoanne redobrou seus esforços, concentrando sua ira nas nuvens escuras acima. O céu se tornou um turbilhão de nuvens carregadas de ácido, relâmpagos cortando o ar e trovões ecoando assustadoramente.

Com um movimento poderoso de seus braços, Yoanne aumentou a intensidade das chuvas ácidas. Gotas maiores e mais corrosivas caíam, queimando tudo o que tocavam. O solo começou a se desintegrar sob o impacto, árvores se curvavam e as casas começaram a derreter.

Kalanit sentiu a pressão do desafio. Ela sabia que precisava agir rápido para conter a destruição iminente. Com um esforço concentrado, ela ergueu muralhas de terra mais altas, tentando proteger o máximo de pessoas possível.

Mas as habilidades de Yoanne estavam além do imaginado. Ela começou a controlar não apenas as chuvas ácidas, mas também os próprios ventos, direcionando-os para amplificar a destruição. Tornados ácidos se formaram, arrastando consigo destroços e causando estragos ainda maiores.

Kalanit lutava bravamente para manter sua defesa, mas estava ficando sobrecarregada. A energia necessária para proteger a todos era imensa, e as forças de Yoanne pareciam inesgotáveis. As pessoas ao redor gritavam e fugiam, buscando abrigo onde podiam.

A situação se tornou cada vez mais desesperadora. Ela sabia que precisava encontrar uma estratégia diferente, algo que pudesse virar o jogo a seu favor.

As gotas ácidas atingiam as pessoas, e a cena era desoladora. Gritos ecoavam pelos destroços enquanto as pessoas tentavam desesperadamente se abrigar. Alguns estavam encharcados, a pele queimando com o contato do ácido, e outros corriam em agonia, tentando encontrar água limpa para aliviar a dor.

Kalanit, vendo a aflição ao seu redor, sentia-se impotente pois mesmo protegendo parte das pessoas, ela não conseguia evitar que alguns se machucassem.

Algumas pessoas não atingidas gritavam por ajuda:

— Alguém, por favor, precisamos de água limpa! Há alguém que possa ajudar? Temos que tirar o ácido da pele deles!

Ela própria começou a formar pequenas poças de água com seu poder, mas era impossível alcançar a todos. Alguns se debatiam, tentando limpar a própria pele com qualquer coisa que encontrassem, enquanto outros caíam em dor, clamando por ajuda.

Um grupo de pessoas se reuniu ao redor de um homem idoso, cujo rosto estava queimado pelas gotas ácidas. Uma mulher tentava desesperadamente ajudar, gritando para alguém trazer algo para cobri-lo e aliviar sua dor.

— Por favor, alguém traga panos limpos! Precisamos proteger suas feridas, rápido! — suplicava a mulher, com os olhos marejados de lágrimas.

Enquanto isso, um jovem tentava ajudar uma criança pequena, que chorava incontrolavelmente enquanto suas pernas eram atingidas pelas gotas corrosivas. O jovem, com lágrimas nos olhos, procurava desesperadamente por algo para cobrir a pele da criança e diminuir a dor, mas já era tarde, suas pernas derretiam, a dor era tão forte que a criança teve um colapso no sistema nervoso, ela urinava e defecava involuntariamente, o ácido corroíam seu cérebro, pulmões e coração até que ela dava seu último suspiro com a face congelada com uma expressão de dor inimaginável.

— PELOS DEUSES! TENHA MISERICÓRDIA! — ele gritava desesperado.

A cena era caótica e devastadora, cada gota ácida causando danos irreparáveis. Kalanit sentia o peso da responsabilidade em seus ombros, lutando contra as lágrimas enquanto fazia o possível para ajudar, mas sabia que precisava agir rápido para deter a fonte dessa destruição.

Kalanit olhava para os rostos das pessoas atingidas, a dor e o desespero estampados em cada expressão. Ela sentia um nó na garganta, sabendo que não podia ajudar a todos a tempo.

Kalanit se aproximou do homem idoso, cujas queimaduras eram graves demais para serem curadas. Com lágrimas nos olhos, ela segurou sua mão, oferecendo um último olhar de compaixão antes que ele partisse.

Enquanto as pessoas ao redor lutavam por suas vidas, Kalanit sentiu uma mudança dentro de si. A tristeza e a impotência se transformaram em determinação. Ela ergueu o olhar para Yoanne, cujas tempestades ácidas ainda assolavam a área e arriscou a própria vida diante da chuva ácida.

— Chega! — Kalanit gritou, com um movimento rápido, ela concentrou todo o seu poder, erguendo grandes colunas de terra ao redor de Yoanne, aprisionando-a.

Yoanne lutava contra a prisão de terra, tentando se libertar, mas Kalanit não desistia. Com lágrimas escorrendo pelo rosto, ela canalizou sua energia, enfraquecendo o controle de Yoanne sobre as tempestades.

— Não mais! Você não vai mais ferir ninguém! — Kalanit gritou.

Kalanit estava decidida a proteger as pessoas inocentes a qualquer custo.

Nesse momento crítico, enquanto Kalanit mantinha sua determinação e lutava para conter Yoanne, uma presença inesperada surgiu. Tassilya, em forma de neblina da morte, pairava sobre a cena, seu semblante pesaroso diante do sofrimento das pessoas feridas pelas chuvas ácidas.

Através da neblina que assolava o leste, Tassilya se aproximou daqueles que ainda sofriam, olhando profundamente em seus olhos. Uma expressão de compaixão envolveu seu rosto antes de ela tomar uma decisão difícil. Com o seu sopro da morte, ela liberou as almas daqueles que estavam além de qualquer cura, permitindo-lhes partir sem mais sofrimento.

Enquanto isso, Kalanit mantinha sua luta contra Yoanne, mantendo-a aprisionada o máximo que podia. Mas, subitamente, a prisão de terra começou a se desfazer, rachando-se diante da força de Tassilya. Em um instante de puro caos, Yoanne foi libertada, retomando o controle de suas tempestades ácidas e atingido mais pessoas.

Um portal se abria, e Amynah saía dele. Com um movimento rápido, ela se aproximou de Tassilya, usando suas habilidades de tele transporte e levou Tassilya para a montanha mais alta do leste em um piscar de olhos.

Enquanto Tassilya era afastada da batalha, Kalanit reunia todas as suas forças para conter as tempestades de Yoanne. A situação era crítica, mas ela sabia que não podia permitir que mais danos fossem causados às pessoas inocentes.

A energia dentro de Kalanit aumentou, concentrando-se na técnica proibida que ela conhecia: "O Último Fôlego". Ela olhou ao redor para aqueles que haviam perdido a vida nas mãos de Yoanne e deu um passo à frente com um peso no coração.

— Me perdoem por trazer vocês nestas condições. – Falava com muita tristeza

— O ÚLTIMO FÔLEGO!

Com um gesto solene, Kalanit invocou os espíritos daqueles que haviam sido tirados da vida, trazendo-os de volta por um breve momento. Os espíritos se ergueram em torno de Yoanne, armados com espadas de fogo e gelo, suas expressões eram de vingança. Crianças, jovens, idosos, homens e mulheres começavam atacar sem parar Yoanne e cortá-la, causando ferimentos profundos e muita dor, ela gritava, seus ferimentos foram causados por fogo e gelo.

Yoanne tentava se defender e direcionava as chuvas ácidas, mas eles já estavam mortos, o poder dela não fazia efeito, ela olhou horrorizada enquanto os espíritos avançavam sobre ela. As espadas flamejantes e gélidas cortavam o ar, cada golpe aumentando a intensidade enquanto os espíritos se vingavam da injustiça sofrida.

Os espíritos agiam como uma força unificada. Eles cercaram Yoanne, brandindo suas espadas com fúria, empurrando-a em direção ao abismo diante das estátuas das deusas do leste.

Com um grito angustiado, Yoanne foi empurrada para o abismo, lançada diante das estátuas das divindades que testemunhavam a batalha. O eco de seu grito desapareceu na distância enquanto ela mergulhava no desconhecido.

Os espíritos, cumprindo seu propósito, desapareceram lentamente, dissipando-se no ar enquanto o poder de "O Último Fôlego" chegava ao fim. Kalanit olhou ao redor, para os destroços, para as pessoas que haviam sido salvas, mas também para a perda irreparável que a batalha trouxera.

Ela caiu de joelhos, exausta e emocionalmente esgotada, mas com um sentimento de dever cumprido. As cicatrizes daquele dia permaneceriam por muito tempo.

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