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Correndo pela floresta em direção ao portal 8, Wanelma sentiu uma grande instabilidade nos pontos de energia dos portais.

– O portal 8 está se comportando diferente. É como se ele estivesse reagindo a uma grande instabilidade que de alguma maneira refletiu nele. O que será isso? – Perguntava-se Wanelma

— Você também sentiu isso, Wan? – Perguntava Witc que chegava perto dela

— Sim, Witc. O que está acontecendo? Eu nunca tinha visto este portal ficar instável.

— Houve um grande choque de energia vindo do leste, uma explosão que foi capaz de desestabilizar as conexões paralelas dos portais. – Explicava Witc

— O leste está muito longe daqui, como isso pode ter afetado nossa região com esta intensidade?

— Há alguém que pode causar essa instabilidade, o poder dela é imprevisível e perturbador, muitas vezes oposto à ordem e à estabilidade, é uma força que desafia a estrutura e pode criar ou destruir, dependendo de como é canalizado ou controlado. Seu poder é instável e difícil de controlar, podendo trazer tanto a criação quanto a destruição. Um sistema complexo de energia que se comporta de forma imprevisível, tendo em controle as partículas elementares, a gravidade e o universo em forma de energia negra. Seu único ponto fraco é a instabilidade. – Explicava Witc

— Você está falando de Sity? – Perguntava Wanelma

— Sim.

— Ela é uma ameaça para todos e para ela mesma. Se ela perder o controle de tudo por um momento de instabilidade, o que poderemos fazer contra ela? – Perguntava

— Instabilizá-la novamente.

— Witc, você estaria disposto a matar Sity para proteger o que é certo? Me responda. – Perguntava Wanelma.

Witc ficou em silencio e começou a andar novamente.

— Aonde você vai, Witc?

— Estou indo para o leste.

— Precisamos de você aqui! O que vai fazer no leste sozinho? – Perguntava Wanelma

— Vou proteger o que é certo. Não foi isso que você me perguntou? – Respondia

— O que faremos se invadirem aqui?

— Devemos defender o oeste com nossas vidas se necessário. – Afirmava Witc

Leste...

Quando a luminosidade diminuiu, o vazio era tudo o que restava. O portal desaparecera, levando Tassilya e Jasminy e deixando Gabryelle sozinha em um espaço vazio e silencioso. Ela se ergueu lentamente, olhando para o horizonte agora vazio, com o coração pesado pela incerteza do que o futuro reservava após aquela explosão devastadora.

— O que faremos, mãe? – Perguntava Jasminy

— Não temos mais o que fazer aqui, vamos voltar para o norte, precisamos avisar o oeste que a guardiã deles está contra os reinos.

Enquanto caminhavam de volta para o norte, Tassilya e Jasminy encontram Elly, um das líderes do sul. O encontro casual no limite entre o norte e o leste rapidamente se transformou em um duelo de olhares carregados de emoções conflitantes.

— Não acredito que o norte está se afundando no mesmo lodo sujo do leste. –disparou Elly, sua voz cortante como uma lâmina afiada. — Recebi informações que inocentes foram ceifados. Vidas foram perdidas sem justiça, sem piedade. Como podem defender esses atos?

Tassilya, com os olhos estreitos e expressão endurecida, tentou argumentar: —Foram acontecimentos de guerra. Poderia ter acontecido pra qualquer um dos lados.

— Poderia ter acontecido pra qualquer um dos lados? – Elly quase gritou, sua indignação borbulhando como lava vulcânica. — Essas vidas importavam menos? Esses atos superam a moral, a humanidade?

Jasminy, com um tom mais suave, tentou acalmar os ânimos exaltados: — Elly, você não entende. Há muito em jogo. Foram ações necessárias para garantir a segurança do norte contra as invasões do leste contra o oeste.

— Segurança? – Elly repetiu, a ironia pesando suas palavras. — Quantas vidas devem ser sacrificadas em nome dessa suposta segurança? Vocês viram o que aconteceu! Viram as consequências!

O ar parecia denso, impregnado com a raiva e a frustração de Elly, enquanto as palavras se chocavam como espadas em um duelo verbal. As emoções cruas pairavam entre elas, agitando o momento.

— Tassilya, Jasminy... – A voz de Elly diminuiu um pouco, embora ainda transbordasse de intensidade. — Precisamos repensar nossos valores, nossos deveres. Não podemos simplesmente sair matando inocentes, ignorando o custo humano.

As palavras pairaram no ar, carregadas de um peso que nenhuma delas poderiam dissipar facilmente. O silêncio entre elas agora era um abismo profundo, cheio de dilemas morais e a promessa de um confronto iminente entre suas convicções.

O silêncio que se seguiu foi interrompido apenas pelo som do vento sussurrando através das dunas próximas. Jasminy, com uma expressão serena, porém olhos flamejantes, quebrou a quietude com palavras que cortavam como punhais afiados.

— Você ousa falar sobre moralidade, Elly? Você, que se esconde atrás das muralhas de seu orgulho e ideais utópicos, sem entender a realidade das ameaças que pairam sobre nós?

As palavras de Jasminy eram como brasas incandescentes, aquecendo cada sílaba proferida. Elly, por um momento, pareceu desconcertada diante da agressividade velada na fala da princesa.

— A realidade, Jasminy? Você acha que eu não entendo a realidade? Acredita mesmo que sacrificar vidas inocentes é a única opção? – Elly retrucou, sua voz ecoando com um misto de incredulidade.

Jasminy avançou um passo, sua postura agora era desafiadora, os olhos fixos nos de Elly.

— Você está presa à sua própria versão distorcida do que é certo, Elly. As decisões difíceis precisam ser tomadas para preservar nosso povo. Você prefere se esconder atrás de sua falsa moral do que agir de maneira decisiva. Não foi você e suas irmãs que planejavam invadir o oeste sem eles terem feito nada contra vocês?

As palavras da princesa eram como flechas afiadas, miradas diretamente no coração das convicções de Elly. Uma aura de confronto pairava no ar, uma batalha não só de palavras, mas de princípios arraigados.

— Decisões difíceis não justificam atrocidades, Jasminy! – Elly retrucou, sua voz tremendo de raiva contida. — Não posso aceitar um caminho que desvaloriza a própria essência da humanidade e quebre as leis de proteção das pessoas inocentes. E sobre o oeste, vocês não estavam com a gente para invadi-lo também? De quem é a falsa moral agora, princesa da morte?

A tensão entre elas só aumentava, como faíscas prestes a desencadear um incêndio. O choque entre as visões opostas criou um abismo intransponível entre Elly e Jasminy, onde a compreensão parecia impossível diante da firmeza de suas convicções divergentes.

— Basta! – Disse Tassilya

— Sim, rainha. Realmente já basta! – Replicou Elly

Elly concentrou-se, canalizando o poder que a permitia manipular a própria essência da realidade. Uma luminosidade envolveu Tassilya e Jasminy, enquanto suas expressões se transformavam em uma mistura de perplexidade.

— VERULEIKI

— Vocês precisam entender a verdade. – Elly disse, sua voz reverberando com uma serenidade intensa. Com um gesto sutil, ela guiou as mentes de Tassilya e Jasminy para uma experiência vívida e angustiante.

Num instante, Tassilya e Jasminy foram transportadas para uma cena surreal. Era como se estivessem vivendo um passado distorcido, imersas em uma realidade alternativa que Elly criou.

As duas se viam como escravas fugitivas, roubando e resistindo contra seus amos. A luta por liberdade ecoava em cada gesto, mas a sombra da punição pairava sobre elas constantemente. Cada tentativa de justificar seus atos era reprimida, cada movimento em busca de autonomia era brutalmente punido.

Tassilya e Jasminy se debatiam nessa realidade criada, sentindo na própria pele a agonia da injustiça. Em meio à ilusão, a angústia transbordava de seus olhos, enquanto tentavam explicar suas ações, justificá-las na ilusão de liberdade que sempre terminava em sofrimento.

— Vocês veem agora? – a voz de Elly ecoou. — Assim como vocês se sentem injustiçadas e buscam justificar suas ações, os inocentes que sofreram pelas mãos das guardiãs do norte também lutavam por suas vidas, tentando entender o motivo de seu sofrimento.

Tassilya e Jasminy, presas nessa realidade forjada, sentiram a verdade golpeá-las de forma avassaladora. A compreensão se infiltrou em seus seres, cada argumento de defesa desmoronando diante da ilusão que Elly criou. A brutalidade de suas ações, antes defendida com veemência, agora se revelava como uma sombra incontestável de sua própria crueldade.

Elly, mantendo firme a ilusão, olhou para elas com uma expressão séria.

— Vocês precisam enfrentar a realidade de suas ações. A verdade não pode ser ocultada, assim como a dor dos inocentes que vocês feriram. Vocês ficarão presas nesta realidade para sempre!

>> 31. Sem destino