00 - Prólogo

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Reino Celestial
Mileyri, deusa dos sonhos enquanto estava em seus aposentos tinha uma visão do futuro. Ela via o resultado de uma terrível guerra. Ela via muitas pessoas inocentes mortas empilhadas uma em cima das outras. As águas dos oceanos eram vermelhas, o solo estava quente e dele saía fumaça, a vida dos animais terrestres estavam arruinadas.

Não havia mais luz no céu, a escuridão era tudo o que restava para a humanidade, a natureza em declínio, não haviam lembranças de quem um dia estava ali. A deusa através de sua revelação caminhava sobre a destruição que contemplava, de seus olhos desciam lágrimas ao presenciar a destruição de incontáveis vidas.

— O que houve aqui? — Perguntava-se silenciosamente com um aperto em seu coração. 

Ela ouviu uma grande explosão, com seus sentidos aguçados caminhou em direção ao acontecido e viu um grande portal dimensional. Por trás do portal havia dois olhos grandes que observavam tudo, olhos obscuros, um véu preto e transparente sobre a cabeça, logo aqueles olhos assustadores a observava e sumiram tão rápido que a deusa foi incapaz de acompanhar, mas algo se aproximava saindo do grande portal, uma mulher de cabelos longos, olhos pretos, pele pálida, sob seus pés haviam os crânios dos deuses celestiais, em suas mãos haviam universos. 

A deusa sentiu um profundo medo como nunca havia sentido antes, ela sentia-se fraca e incapaz de ficar de pé diante do que via. Aquele ser no portal representava o fim da esperança de qualquer tipo de vida que pudesse existir em qualquer universo, sua respiração ficava pesada, e tudo o que ela sentia era a própria morte diante de seus olhos. 

Mileyri também via outro ser poderoso saindo do grande portal e com ele duas crianças ao lado dele, elas diziam: 

— Mãe, você não tinha destruído todos os seres celestiais? — Perguntava uma criança com cabelos de ouro e olhos de diamante.

Logo sua irmã se aproximou e disse: 

— Todos eles estão mortos, aquela deusa nos olhando é quem nossa mãe escolheu como mensageira que levará nossa mensagem de destruição ao reino celestial, mas ninguém vai acreditar nela. — Respondia sua irmã que tinha olhos de universo e cabelos de cristais. 

Mileyri sentiu uma grande aflição ao ouvir o que as crianças disseram e seu corpo ficou trêmulo.

— O que houve com você, deusa dos sonhos? — Perguntava a criança de cabelos de ouro que estava em frente dela.

Mileyri não conseguia falar, estava parada sem nenhuma reação, nem foi capaz de notar a chegada da criança. 

— Aquela olhando para nós lá de cima é a minha mãe, vocês tiraram tudo dela, vocês tiraram tudo de nós, vocês tiraram tudo do nosso povo. 

Enquanto falava, sua irmã com olhos de universo chegava perto de Mileyri e complementava a irmã:

— Nós não mantamos as pessoas que você viu, nós não destruímos o mundo, nós não colocamos fogo na natureza, o sangue nos oceanos não é nossa culpa.

— Quem fez isso, pequenina? — Perguntava Mileyri

— Vocês! — Respondia do grande portal com sua voz poderosa ecoando por todo lugar.

— Nós? – Questionava, mas em um instante a deusa voltava de sua visão para seu quarto pessoal.

— Que visão foi essa? Preciso convocar os 5 deuses principais do reino com urgência. — Mileyri solicitava uma breve reunião com os deuses.

A boba do reino celestial
Os deuses reunidos escutavam atentamente cada palavra proferida de Mileyri, alguns entre eles sentiam tédio em ouvir o que parecia ser uma piada infantil da deusa dos sonhos. 

— Uma menininha com o universo nos olhos? E sua irmã com cabelos dourados? — Laurence começava a sorrir do que Mileyri havia contado e com ele os outros deuses presentes davam gargalhadas.

Mileyri você está andando muito com a deusa da loucura. — Os deuses começavam a sorrir novamente e a deusa dos sonhos sentia-a envergonhada pois nenhum dos deuses mais poderosos levaram a sério o que ela disse.

Mileyri não existe nenhum ser em parte alguma de todo o universo observável e não observável que possa ter esse poder que você descreveu para todos nós. Tal poder se realmente existisse seria de um de nós presentes aqui, mas os deuses e deusas não podem ter filhos. Ninguém se torna um deus ou uma deusa, nascemos de nosso próprio poder antes da geração de qualquer coisa que possa ter ocorrido no universo. Eu entendo a tua preocupação no sonho que teve, mas foi apenas um sonho.

— Não foi um sonho! Eu não estava dormindo, eu estava acordada, eu estava dentro desta visão, conversei com eles, eu senti todos eles. Poder, ódio, desespero. Era como se eu tivesse de frente com a morte, mas não era a deusa da morte que conhecemos, era a nossa morte!

— Nós somos imortais, Mileyri! Nunca um de nós perdeu a virtude divina e nem a imortalidade! Você afirmar que existe um ser que pode nos matar é um ato de traição!

— Calma irmão — disse a deusa do poder. — Concordamos que a deusa dos sonhos não tem culpa de tais sonhos. Mileyri você pode se retirar, ande um pouco no pátio do esquecimento pra esquecer esse sonho que a perturbou.

O futuro são as escolhas do presente
Mileyri andava pelo pátio do esquecimento para livrar-se da visão que teve, mas quanto mais tempo ela passava lá mais as lembranças ficavam nítidas. Ela sentou-se perto de uma árvore grande e bonita, e enquanto via suas folhas caírem, e serem levadas pelo vento os olhos obscuros que ela tinha visto em sua visão estava observando-a mais uma vez. Rapidamente o local ficou com um ar tenebroso e a deusa se assustou.

— Aqueles olhos...

— Eu disse que eles não acreditariam em você. — Passava correndo uma criança sorrindo pelo pátio ecoando novamente as palavras de aviso.

Mileyri sentia-se sem esperança de que os deuses pudessem acreditar nela e ao mesmo tempo começava a imaginar por qual razão ela seria uma sobrevivente daquela tragédia.

— Por que este fardo foi dado a mim? — Mileyri questionava o peso de carregar sobre si mesma os avisos que os deuses apenas zombaram de suas visões.

— O futuro de vocês serão os resultados das escolhas que vocês farão no presente. — Uma criança em pé perto de uma árvore segurando uma ampulheta alertava Mileyri novamente.

— A contagem do tempo de vocês começa agora. — A criança desaparecia, mas os olhos obscuros continuavam observando Mileyri. A deusa dos sonhos caiu adormecida no pátio do esquecimento e suas lembranças brevemente desapareciam.

Oeste – O reino dos dragões milenares.
Sorrisos e passos apressados eram ouvidos na floresta, estava no entardecer, no horizonte as cores alaranjadas marcavam o pôr do sol que logo aconteceria. 

Witc, não seja bobo, amanhã nos encontraremos de novo, se eu demorar mais um pouco, logo minhas irmãs virão me procurar e minha família não pode saber de nós dois ainda. — Sulh beijava Witc ternamente com um olhar apaixonado que apertava seu coração ao saber que só o veria no dia seguinte.

— Desde quando éramos crianças que você me diz a mesma coisa, que “a sua família não pode saber de nós dois ainda”. E quando poderão? Quando ficarmos velhos? — Sulh começava a sorrir alto e Witc também.

— Envelhecer ao seu lado seria a maior felicidade da minha vida, sabia disso Samuel Witc? — Gargalhava.

— Somente Witc, por favor. 

— Não! É legal te chamar de Sam, me lembra das abreviações dos grandes reis do passado quando eram anunciados: Samuel Witc, do Oeste, rei que se esconde na floresta com sua rainha, Siti Ulih Hasan...

— Que nome horrível. 

— O que você disse?

Hasan. 

— Como você pode dizer que o nome da minha querida avó é horrível? Explique-se Samuel Witc para sua rainha ou iriei arrancar sua língua. — Sulh virava-se de costa e fazia cara de choro e ao mesmo tempo sorria colocando a mão na boca.

— Tá bom, desculpa, senhorita Hasan... É que Hasan significa pato aqui no Oeste.

— Agora eu fiquei chateada de verdade com você Witc. Você está me chamando de pato? — Witc não aguentava e começava a sorrir e mesmo um pouco chateada, Sulh também começava a sorrir e os dois se abraçavam novamente. 

— Espero que a noite dure apenas 5 minutos para nos vermos novamente. — Falava Witc 

— Talvez fosse melhor que não houvesse mais noite. — Beijava ele novamente enquanto se despedia e zombava dele: — Te vejo amanhã Samuel Witc — Sorria.

— Ok senhorita quá quá — Witc imitava um pato.

Sulh jogava uma maçã na cabeça de Witc e começava a correr. — Tchau Sam...

Witc voltava pra casa pelas trilhas da floresta, era quase noite, mas ele percebeu que alguém vinha correndo. 

— Conheço esta presença. Klaudya? — Chamava por sua amiga. 

Witc? O que faz por aqui esta hora? — Perguntava. 

— Então... 

— Entendi! Estava pegando maçãs com Sulh. — Sorria. 

— É isso! Estava pegando maçãs... 

— Comeram todas? — Perguntou a ele. 

— Bem... Sulh gosta muito de maçãs e...

— E? 

— Ela comeu todas. — Ficava envergonhado. 

— Entendi Witc. — Sorria. 

— E você? Aonde vai com tanta pressa?

— Preciso relaxar um pouco. Há muitos comentários que o Oeste está prestes a ser invadido.

— E você não quer se envolver em um possível confronto, estou correto?

— Eu nunca gostei de ser uma guardiã, eu preciso pensar um pouco sobre isso.

— Entendi Klaudya, mas tome cuidado pela floresta, você está a um passo de entrar na floresta gêmea, apesar de fazer parte de nosso clã, é um lugar cheio de surpresas e não aconselho entrar lá sem convite. — Alertava.

— Tomarei cuidado. — Sorria

>> 01. Caminhos Distintos

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