31 - Sem destino

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A escuridão da noite e o brilho das estrelas, criando uma aura de melancolia sobre a paisagem do Leste. Witc caminhava entre as ruínas, sentindo o peso da devastação que se estendia diante dele. Seus passos eram cautelosos, cada vez mais impregnados de uma ansiedade crescente conforme se aproximava de um portal.

E então, lá estava ela. Gabryelle, presa em uma dimensão distorcida, frágil e desacordada. Seu coração apertou ao vê-la assim, ferida e indefesa. A energia turbulenta que emanava do portal era como um grito de desespero ecoando pelos seus sentidos.

— Witc... – A voz de Sulh sussurrou em sua mente, um eco do passado que o fez estremecer. Ele olhou ao redor, buscando qualquer sinal dela, mas apenas sentia a sua presença misturada naquela força destrutiva que sufocava Gabryelle.

Desferindo um golpe concentrado de sua alquimia, Witc começou a destruir o portal, seus olhos brilhando com esperança. Cada movimento era carregado de uma energia que vibrava com a intensidade de sua vontade. — Eu não vou deixar isso acontecer. Não posso deixar esta mulher partir deste mundo. – murmurou para si mesmo.

Com o portal desfeito, ele se ajoelhou ao lado de Gabryelle, sua respiração agitada enquanto examinava os ferimentos dela. — Ei, acorde. Por favor, acorde. – sussurrou enquanto usava sua habilidade de regeneração.

Por um momento agonizante, ela permaneceu imóvel, mas então seus cílios tremeram e seus olhos se entreabriram lentamente. — Quem é você...? – Ela murmurou fracamente, sua voz carregada de dor e confusão.

— Está tudo bem, eu estou aqui. Você vai ficar bem, meu nome é Witc, sou do Oeste. – Prometeu Witc, sua mão irradiando uma suave luz alquímica enquanto a colocava sobre os ferimentos dela. A energia curativa fluiu de seus dedos para o corpo dela, suturando feridas e restaurando aos poucos sua vitalidade.

Gabryelle inspirou profundamente, seus olhos se fixando nos de Witc. — Meu nome é Gabryelle, sou líder do Leste. Onde está... Sulh? – Ela perguntou com dificuldade.

Witc hesitou por um momento, sua expressão carregada de pesar. — Ela não está aqui, mas você está segura agora. Descanse. – disse suavemente, seus olhos transmitindo um misto de alívio e tristeza por toda aquela situação.

Com um suspiro, Gabryelle cedeu à exaustão, sua respiração tornando-se mais calma enquanto o poder curativo de Witc continuava a trabalhar em seu corpo.

Witc permaneceu ao lado dela, sentindo o alívio inundar seu ser ao vê-la finalmente em paz. Ele sabia que o caminho à frente seria desafiador, mas por agora, encontrara um momento de calma em meio ao caos.

O coração de Witc acelerou quando ele percebeu que algo mais estava errado, algo além da cena diante dele. Seus olhos se fixaram nos de Gabryelle, a preocupação ecoando em seu olhar. — Onde estão os outros? Outras pessoas estavam aqui! Eu posso sentir a energia deles. – perguntou ele, com a voz cheia de ansiedade.

Gabryelle lutou para se sentar, sua expressão angustiada refletindo a dor não apenas de seus ferimentos, mas também da perda. — Minha filha Amynah... ela desapareceu quando enfrentou Sulh. Ela foi sugada por um portal e desapareceu. Não faço ideia de onde ela esteja. – disse ela, sua voz carregada de angústia materna.

O coração de Witc apertou-se com a notícia, o pensamento de uma pessoa perdida naquela situação sendo quase insuportável. — E as outras pessoas? Onde estão elas? – Ele perguntou, sua mente se esforçando para processar tantas situações em um curto espaço de tempo.

Gabryelle fechou os olhos por um momento, as lágrimas ameaçando transbordar. — Também desapareceram quando Sulh lançou um ataque, quando o portal explodiu. Eu não sei onde elas estão, Witc. Eu não sei... – sua voz tremeu, a dor das incertezas dilacerando seu coração.

Witc sentiu um nó se formar em sua garganta, a sensação de impotência ameaçando consumi-lo. — Nós vamos encontrá-las, Gabryelle. Eu prometo. – jurou ele, sua voz firme apesar do turbilhão de emoções que o assolavam.

Ele se levantou, estava com a determinação estampada em cada movimento. — Precisamos seguir as pistas, encontrar qualquer sinal delas. Não podemos desistir. – disse, seu olhar buscando nos destroços e na paisagem desolada alguma pista que pudesse levá-los ao paradeiro das desaparecidas.

Gabryelle concordou, sua expressão esperançosa apesar da dor que a consumia. — Vamos encontrá-las, mas antes eu preciso voltar para o castelo e reunir as guardiãs que ainda estão vivas para reorganizar o Leste – falou, erguendo-se com a ajuda dele, cada passo sendo uma luta contra a dor física e emocional, Witc concordou com ela e a viu partir lentamente.

Witc avançou entre os destroços, buscando sinais de vida entre os escombros. Seu coração pesava com a incerteza, mas então, algo capturou sua atenção. Um brilho distorcido, uma energia caótica emanando de um portal instável não tão distante de onde ele estava.

Seus olhos encontraram Sulh, envolta na essência caótica que ela manipulava e dominava. Seu corpo emanava uma beleza sem igual e uma aura de poder indomável. Witc parou, hipnotizado por sua presença, um turbilhão de emoções inundando seu ser.

— Sulh... – sussurrou ele, sua voz carregada de emoção, seu coração vibrando com o amor que ainda nutria por ela.

Ela estremeceu ao sentir sua presença, seus sentidos aguçados captando a energia familiar que se aproximava. Lentamente, Sulh virou-se para encarar Witc, seus olhos encontrando os dele, faíscas de reconhecimento misturadas com uma confusão profunda.

O coração de Witc acelerou ao ver a confusão de emoções que atravessava os olhos dela. — Eu não sei quem é você, mas é como se eu te conhecesse... não posso deixar você ficar aqui. – disse ela, sua voz uma mistura de confusão e instabilidade, suas palavras sendo uma tentativa desesperada de não vê-lo mais.

Witc deu um passo à frente, ignorando o perigo iminente, seu coração falando mais alto do que a razão. — Sulh, eu sei que eu estou aí dentro do seu coração, que você busca por mim assim como eu busco por você, é algo que transcende o caos e a destruição. Eu sinto isso. – confessou ele, seus olhos transmitindo a intensidade do que ele guardava dentro de si.

Ela teve o coração tocado por um momento, seu semblante oscilando entre a resistência e a vulnerabilidade. — Não há destino entre nós, Witc. Você deve ir embora antes que seja tarde demais. – insistiu, sua voz tremendo com a luta interna entre o desejo de afastá-lo e a atração indomável que ela sentia por ele.

As emoções se chocavam dentro dela, uma tempestade de sentimentos que ela não compreendia completamente. O amor que nutria por ele se misturava ao caos que a consumia, deixando-a confusa e atormentada.

Witc permaneceu imóvel, seu olhar fixo no dela, um misto de esperança e dor estampado em sua expressão. — Eu não posso deixar você, Sulh. Eu estarei aqui quando você precisar de mim, mesmo que você não veja isso agora. – declarou ele, antes de dar as costas ao portal, deixando-a ali, sua presença ecoando como uma promessa no ar carregado de magia.

Sulh viu Witc se afastando, a dor dilacerando seu peito enquanto as lágrimas turvavam sua visão. O desejo de correr em sua direção, de abraçá-lo e confessar seu amor transbordava em cada fibra de seu ser. Ela se lançou para fora do portal, determinada a alcançá-lo, mas então, uma voz forte ecoou em sua mente.

— Você não pode amá-lo. Ele não é real.

A voz, fria e impessoal, ressoou como um trovão dentro de sua cabeça, congelando-a no lugar. Ela colocou as mãos na cabeça, uma dor atravessando sua mente, enquanto lutava contra o controle mental que a assombrava há tanto tempo.

O impulso de se aproximar de Witc, de expressar seu amor por ele, foi interrompido pela intrusão maligna que a atormentava, a voz tentando reprimir qualquer sentimento que ela nutria por ele.

— Não! Não é verdade... – sussurrou ela, suas palavras perdidas na mesclagem de emoções e na luta interna que a consumia.

Sulh cambaleou, sentindo-se como se estivesse presa em uma batalha contra si mesma. Seus olhos, cheios de amor e desejo, encontraram Witc mais uma vez antes que as forças a abandonassem e ela desabasse no chão, sua mente mergulhada na escuridão da inconsciência.

A luta entre o amor que ela sentia e o controle mental implantado em sua mente provava ser um fardo quase insuportável, uma batalha constante entre a verdadeira essência dela e as correntes opressivas que a aprisionavam.

Sulh não conseguiu continuar e desmaiou vendo seu amor partir, seu corpo imóvel mesmo com o coração em chamas.

— Eu nunca estou preparada para perder você. – Fechava os olhos vendo ele sumindo entre as lágrimas que caíam sem parar dos olhos dela.

>>32. Abalo no Leste

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